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Um artigo bem maneiro em clima de eleição

Posted by Caio Araujo. on 09:43




O porquê do “Jeitinho Brasileiro”.

Sabemos que nossa fama corre o mundo, por sempre arranjar uma forma mais fácil, um caminho mais curto, uma maneira de levar vantagem sobre os outros. Mas será que isso é cultural, ou foi resultado de estímulos muitas vezes provocados por uma esfera superior? Afinal, não vivemos numa matrix mas é uma ficção (metáfora) intrigante.
Não vou me alongar nas explanações sobre essa incógnita. Sejamos racionais, em um país onde o voto é obrigatório, o básico a ser ofertado ao eleitor é a possibilidade de exercer esse “direito” com o mínimo de transtorno possível.
Vamos aos fatos. A campanha para a votação neste ano é repleta de intimidações. Só votará quem estiver com o título e um outro documento com foto. Não existe mais votação apenas com um documento de identificação que contenha foto, a presença do título é fundamental. Afinal ele deveria ser utilizado para alguma coisa, o que justificaria a sua existência. A não votação acarretará na suspensão do direito de tirar passaporte, na restrição (não poderá ser feita) a 1ª ou 2ª via do CPF, além de muitas outras “ameaças”.
Como tive meus documentos subtraídos por um honroso e esperto cidadão (que seja enterrado de cabeça para baixo, para evitar a sua fuga), tive que assegurar meus direitos que já são poucos e ainda estariam ameaçados caso eu não votasse, (neste momento o fato de eu ter sido mesário por 5 eleições não influi em nada). Me dirigi ao TRE para o calvário.
Lá chegando me deparei com um batalhão de cerca de 3000 pessoas tomando chuva e do lado de fora do dito cujo, aguardando pacientemente (sem agua nem comida nem nada) a sua vez de ser chamado para enfim poder dizer que é um cidadão. Muitas equipes de reportagem e a alta cúpula do órgão estava no local. Haveria uma coletiva para demonstrar o quanto o TRE é legal em fazer uma iniciativa dessas.
Dentro um funcionário me disse que o atendimento por dia é de cerca de 2500 pessoas, e eu penso num cálculo rápido. O órgão funciona das 8 as 17, o que numa visão otimista daria 9 horas de trabalho (leia-se otimista porque sabemos que não funciona exatamente assim). Apesar de estarmos acostumados com a rotina digamos “malemolente” dos órgãos públicos. A justificativa das 9 horas é que nesse período de plantão não há pausa para almoço, e sim troca de turno. 2500 Pessoas divididas por 9 horas daria uma média de 277 pessoas por hora, o que pode ser entendido por 4,5 pessoas por minuto. Ou seja, nos meus 20 minutos de atendimento (o que julguei até rápido face o restante do processo) ocupei o tempo de 90 pessoas (sou muito mal).
Sejamos bastante sinceros. Com toda essa tragédia Grega, se houvesse uma possibilidade de burlar a entrada, (que mais parecia a portaria do Salvador Fest com ingressos a 1 Real), por meio de algum conhecido ou parente, você pegaria essa fila escabrosa para exercer o seu direito obrigatório de votar? Ou aguardaria calmamente no clima agradável de salvador, em meio a crianças chorando e uma reclamação coletiva?
Eis o porque do “jeitinho Brasileiro”. Não é apenas a esperteza do povo tupiniquim, é também a malandragem de não ser otário em meio a falta de organização do governo, mesmo que seja as custas de outros que passam por uma situação igual ou pior que a sua. Tudo isso promovido pela falta de planejamento de uma área específica que trabalha apenas de 2 em 2 anos. A política.
Não escrevi esse texto para falar mal dos atendentes e funcionários do TRE, muito pelo contrário, sei que lá dentro é um inferno igual ao de quem está do lado de fora, é claro que um inferno no que tange trabalho, pois o ar condicionado era muito agradável e a água geladíssima, e ainda tinha um cafezinho. Não para mim um pobre mortal de orelhas secas.
Sei que se quebrarmos essa obrigatoriedade, só votarão as pessoas que realmente possuem algum tipo de interesse direto (empresários, políticos e parentes, e os que recebem um saco de cimento ou uma cesta básica para votar), o que de fato transformaria a votação em uma guerra de marketing e vendas.
Ao que me consta a republica é muito nova no Brasil e a cada ano evolui um pouco mais, mas ainda está muito longe de um ideal utópico traçado ao fim do regime militar e da tão falada velocidade na apuração dos votos trazida pelas urnas eletrônicas. Eu posso falar, eu estava lá por 5 vezes e vi o povo se batendo pra conseguir escolher seu candidato, que em sua maioria era “aquele neto de ACM, Aquele do PT”. A falta de informação da população nos leva a gafes trágicas, não me refiro apenas a essa relação entre o “playmobil” do vovozinho e o PT, como várias outras que escuto a cada 2 anos. Se eu pudesse anulava o voto de quem realmente não tem consciência do que está fazendo, mas se o fizesse seria um milico e viveríamos na ditadura, aliás eu seria um bom milico.
E você que faz questão de votar, que assim como eu não deixa que escolham por você. Acha coerente o fato de ver o seu futuro escolhido por uma questão de interesse pessoal? Venderia seu voto por um saco de cimento? Pois saiba que se “não” você é uma exceção a regra. E embora esteja em voga uma retórica sobre a “consciência no ato de votar” ainda estamos bem distantes disso se tornar realidade e penaremos com a escolha de maus políticos e com os arrochos de uma má administração, desde o processo que desencadeia o voto à gestão do escolhido.

Caio Araújo
Publicitário puto com a politica Brasileira
05.05.2010
http://caioviniciuscosta.blogspot.com

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