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Pra tirar a teia

Posted by Caio Araujo. on 07:42



Análise crítica dos filmes "Rock star" e "Fama para todos" na óptica da industria cultural.

"ROCK STAR"

A análise crítica do filme “Rock star” permite a identificação da industria cultural nas suas mais profundas camadas. A obra discorre a vida de um jovem fã de um grupo de rock, que faz de tudo para ser igual aos seus ídolos. Acabando por se tornar um dos integrantes do grupo e vivendo o outro lado dessa relação entre artista e público.

As ligações entre o público jovem e as bandas de rock dos anos 80 denotam a padronização através da influência que os artistas causavam. A imagem do ídolo é fornecida como um objeto, uma mercadoria, tudo o que ele faz ou pronuncia é medido para causar o impacto desejado sobre o publico alvo. Não se vende apenas a musica produzida por ele, no processo de industrialização cultural é vendido todo o estilo de vida do artista, e isso é notado de diversas formas, seja no fato do protagonista ter uma banda cover (ou banda tributo como ele mesmo afirma), ou no momento em que ele coloca um piercing no mamilo porque o seu ídolo fizera o mesmo. O próprio fato da existência de bandas cover é uma clara demonstração da ”standartização”.

Desencadeando a produção em série de um mesmo tipo de produto. A atenção para de ser focada na obra e passa a ser direcionada ao artista.

A produção cultural esta direcionada cada vez mais para a industria do divertimento. A pluralidade de opções, desencadeada através da reprodutibilidade técnica, difundiu a arte e a possibilidade de apreciá-la, mas também acabou desvalorizando-a e perdendo as noções de tradição, originalidade e autenticidade.

A padronização do publico facilita o processo de produção das obras. Num dado momento ao decorrer do filme o protagonista tenta trazer novas idéias para as musicas do novo álbum da banda, e é “barrado” pelos antigos integrantes com o discurso de que a banda já produz o que o publico quer ouvir, que quando se compra o cd daquela banda já se sabe o que esta esperando. E que o seu papel era apenas de executar o que já estava previamente construído baseado num estereótipo de publico, e na obviedade (o clichê) de tudo o que lhe atraia.

Ao fim o fato do rapaz ceder o seu posto como “Frontman” do grupo para um outro jovem (que o fez lembrar de tudo que ele já havia passado ate chegar à banda a qual era fã), demonstra a necessidade, a dependência, imediata da arte para a produção.

Uma peça pode ser substituída, assim como o vocalista anterior havia sido, desde que a essência inicial, o clichê e o estereótipo continuem os mesmos, e continuem promovendo a mesma sensação ao consumidor.





FAMA PARA TODOS

Observando o filme “Fama para todos” e traçando um paralelo sobre a industria cultural, podemos notar que existe, por conta do público, uma necessidade de reconhecimento através do seu ídolo. A imagem do ídolo é vendida (fabricada) para que o fã queira se parecer, queira viver e fazer parte da vida do ídolo.

O filme fala sobre um pai que tem muita vontade de ver a filha vencer na vida através da música, para que ela não venha passar as mesmas dificuldades dele. Após perder seu emprego toma uma atitude inconseqüente. Seqüestra a cantora mais famosa do país, e negocia com o produtor a liberação da refém em troca da gravação de uma música com sua filha. A garota gosta muito de cantar, embora não se sinta à vontade por conta dos estereótipos aos quais ela não se enquadra como artista. Embora o pai enxergue potencial, ela não se sente capaz de agradar ao público.

Essa busca por viver a vida de outra pessoa, tanto da parte do pai (por ter colocado o nome de uma antiga cantora na filha - Marva) quanto da filha (que em suas apresentações como cantora amadora buscava ser sempre o mais parecido possível com seus ídolos. Como madona por exemplo) evidencia a busca pela semelhança, a busca por ser igual a aquilo que se admira.

O produtor da cantora vê uma possibilidade de aumentar a audiência de um programa em virtude do seqüestro dela e da primeira aparição de Marva na TV, a qual ele já sabia que era filha do seqüestrador. Ele utiliza a inocência e a crença do pai na garota, para poder exibir em rede nacional o apelo do seqüestrador para que a filha cantasse a música criada por ele.

A utilização das pessoas como ferramentas de divertimento e objetos de consumo é característica da industria cultural, cria-se uma atmosfera ao redor daquela pessoa e situações que as fazem diferentes das outras, se destacando e sendo um referencial. Porem um ícone pode ser facilmente substituído por outro que vai desempenhar o mesmo papel que o antigo, são apenas engrenagens de uma grande máquina.

Marva consegue o seu lugar como cantora, e a ex-pop star deixa a sua carreira de lado para morar com um dos seqüestradores. O que evidencia o papel de ídolo como um recurso de vendas para o mercado cultural. Uma vaga é deixada para a nova estrela pop do país, e Marva esta pronta para ocupar esse posto. Existe a criação de um padrão e de um referencial para ser admirado, copiado e seguido pelos fãs, é nisso que as grandes produtoras da industria cultural apostam. Na criação de ícones a serem seguidos pelos consumidores potenciais.

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1 Comments


ô baitolo...
veja uma critica que fiz pra o Rock Star um tempo atras:
http://reidjou.com/index.php?pag=resenhascd&acao=Ler&id=10

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