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Sorriso amarelo
Posted by Caio Araujo.
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20:50

Domingo eu fui tocar com a Zabumbêa no Caranguejo de Sergipe. Eu sempre quis um lugar legal, que desse gente, que o som estivesse bom. Mas sabe quando você não consegue se divertir com nada?
Nessa profissão (empreendimento) que eu escolhi (fui escolhido), uma coisa que é vital é ser efusivamente feliz.
E infelizmente essa não é a minha melhor característica.
É fato que em alguns dias eu estou uma peste (no bom sentido), mas tem outras vezes que tudo o que eu queria é sumir. Era nem existir.
E o domingo e segunda ( que eu toquei na católica) foram esses dias.
Eu cheguei no bar como todo domingo, e honestamente fui um bom ator. Fiz bem o meu papel de animar todo mundo, mas não fiquei animado.
Eu adoro cinema brasileiro (não os pornôs ou algumas porcarias lançadas), e sou fã declarado de Selton Mello. Uma vez eu vi uma entrevista dele em que ele falou que não é nada do que representa na maioria dos seus papeis. Que na verdade ele é depressivo.
Longe de mim dizer que sou bom ator como ele, eu não tenho tamanha cara de pau para falar isso. Mas posso dizer que senti na pele o que é ser serviçal das necessidades de animação dos outros.
Por um lado é bom, porque sempre que eu faço alguém rir eu me sinto menos vazio. Mas por outro eu penso quando alguém vai me fazer rir verdadeiramente? Não com a boca e sim com o coração.
Isso me lembra um livro infantil que eu adorava quando criança – Pinote o fracote e Janjão o fortão.

No livro, o tal Janjão adorava sair com os garotos mais fracos que ele e os obrigava a rir de suas piadas sem graça e perversidades que ele fazia, pois ele era maior e mais forte que os outros.
Até que um dia ele mandou o tal Pinote rir de algo (eu não me lembro o que era) e pinote falou: “eu posso rir com a boca, mas você nunca vai saber se estou rindo com o coração...”.
Resultado é que esse questionamento na cabeça do pobre “malfeitor” fez com que ele se desesperasse e saísse chorando. Acho que ele ficou maluco depois disso, mas seria covardia me fazer lembrar de algo que eu li com 8 anos.
O fato é que eu posso rir por fora, mas por dentro quase sempre estou sério, e isso está me matando.
Espero que isso passe como tudo que TEVE que passar.